Compositores: Richard Valença, Moisés Santiago Serginho Rocco, Orlando Ambrosio Gilmar L. Silva, Márcio de Deus Telmo Motta, Julio Cesar e Rogério de Cavalcante Intérpretes: Tinga e Rafael Tinguinha
O meu canto é por justiça
Por dois lados na balança
Eu me chamo esperança
Na premissa, Obakosô
Defesa de quem sangrou
Acalanto de quem sente
Onde cada escravo vira réu
É trovão que rasga o céu
Seu machado está presente
No suor da plantação
Fio a fio a proteção
Dos sagrados andarilhos
O saber de grão em grão
Pra enfrentar o capitão
Pra dar colo a cada filho
Separada pela dor
Nas amarras do feitor
Aos olhos de Nazaré
Minha fé ninguém calou
Sou a filha de Xangô
A essência de mulher
Lerê lerê, kabesilê, Ojuobá
Lerê lerê, kabesilê
Ojuobá, me tornei
Onde o verbo me invade
Sou palavra que arde
Sei que ainda há a tortura
Mas escrevo pra vencer
(nós vamos vencer)
Esta sina que perdura
A Deus dediquei a palavra
A cada alma preta que partiu
Na carta a liberdade é assinada
Por todas as Marias do Brasil
Ainda que seja O lugar do folião Carnaval também é voz Pra calar a escravidão Tá Em Cima da Hora Mas é tempo de evocar A esperança onde o samba Há de lutar
PARCERIA DE MARQUINHOS BEIJA-FLOR
Compositores: Marquinhos Beija-flor Jefferson Oliveira, João Vidal Lequinho, Jr. Fionda Marcelinho Santos, Gigi da Estiva Frank, Renan Diniz, Evandro Bunitinho e Daninho Cavalcante Intérpretes: Igor Vianna e Maderson Carvalho
Eu vou tirar essa mordaça
Pra falar tudo que penso
É falsa a liberdade, no momento
Ainda sangram
As feridas da chibata
Dor dos meus ais
Quando o meu corpo
Era alvo do opressor
A resistência
Alma que não se curvou
Na pele a minha identidade
Machado de Xangô
A luz da verdade
Banzo ê, banzo a, vai girar no ilê
De um lamento à senzala
Dos trovões renascer
Banzo ê, banzo a, vai girar no ilê
A voz da mulher
Que a vontade fez valer
O verbo foi dinastia
Impele a escrita, dignidade
E pede a benção pra filha
“Direito” erguido pela majestade
Preta poesia é liberdade
Sou a voz das Marias
Conceição, Yabás
Esperança Garcia
A luta não cessa jamais
Em Cima da Hora Firma no xirê Onde canta a liberdade Até o amanhecer De azul e branco Num canto de amor Obrigado, meu pai Esperança eu sou
PARCERIA DE LUIS CAXIAS
Compositores: Luis Caxias, Américo Célio Marques, Didi Guinho da Bela Vista Marcio de Campos Novo e Shil Sabiá Intérpretes: Pixulé Barata Benevenuto e Ester Pessanha
Xangô Kabecilê Xangô
Com seu machado justiceiro
Proteja sua filha guerreira
Na fazenda algodões
Com sabedoria
Imperou a arte do saber
Lutar pela igualdade
Do irmão de cor
Agonizar sobreviver não é viver
Jamais se rendeu a opressão
Atos de torturas foi humilhação
Resistiu com devoção
A carta por liberdade Arde no peito a dor da saudade Em nome da fé poder confessar E sua criança enfim batizar
Mãe preta
Escrava defensora da dignidade
Inspiração da literatura brasileira
Escrita que invoca coragem
Legado que Piauí reconheceu
Esperançar a vida
De quem tanto sofreu
Hoje Cavalcante canta forte
De punho erguido
Pela justiça racial
Meu povo… Primavera canta alto
Esperança Garcia pioneira
É resistência no meu carnaval
Ojuobá me leva ao destino Na força da mulher axé Em Cima da Hora Esperança presente Vencer desafio É quebrar a corrente
Locutor nas escolas de samba do Rio de Janeiro.
Analista de Sistemas, Jornalista (RG 39675/RJ).
Radialista, Compositor e Intérprete.
Repórter do site Carnaval Carioca.