Terreiros históricos de Salvador são visitados pelo Império Serrano

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Foto: Divulgação

Dentro dos seus 76 anos, o Império Serrano vai fazer um desfile focado na religiosidade afro-brasileira pela primeira vez neste Carnaval. Apesar de pincelar a temática em diversas ocasiões, a verde e branco da Serrinha nunca havia se aprofundado no culto aos orixás. Na última semana, representantes do Departamento de Comunicação da escola estiveram em Salvador, berço da criação do Candomblé, e visitaram dois dos mais antigos terreiros do Brasil: O Ilê Axé Iyá Nassô Oká e Ilê Axé Oxumarê, além da Fundação Pierre Verger.

O motivo da ida à Bahia foi aproximar a agremiação dessas instituições tão importantes. Neste ano, a escola vai apresentar na Sapucaí, o enredo “Ilú-ọba Ọ̀yọ́: A gira dos ancestrais”, de autoria do carnavalesco Alex de Souza. A proposta é exaltar os orixás como grandes reis e rainhas dos territórios que formavam o antigo Império de Oyó, na África, seguindo a ordem de apresentação do xirê, ritual que reúne essas divindades. A visita também gerou a gravação de conteúdos documentais para as redes sociais da escola.

Comandado por Mãe Neuza de Xangô, o Ilê Axé Iyá Nassô Oká, popularmente conhecido como Casa Branca do Engenho Velho, é o mais antigo terreiro de Candomblé do país. Ele é o marco da fundação da religião no país, por volta de 1830, com o Candomblé de Barroquinha, criado pelas princesas africanas Iyá Detá, Iyá Akalá e Iyá Nassô, oriundas de Oyó. A casa de Xangô foi o primeiro Ilê Axé tombado pelo IPHAN como Patrimônio Histórico do Brasil, em 1984.

Próximo de completar 200 anos, o Ilê Axé Oxumarê também tem um lugar especial na construção do enredo do Império Serrano. O livro “Casa de Oxumarê: os cânticos que encantaram Pierre Verger”, de 2010, foi um dos instrumentos de estudo do carnavalesco na elaboração do tema. A obra retrata o processo do fotógrafo francês Pierre Verger na gravação de cânticos do xirê do local, no final da década de 1950. À frente do Ilê, Babá Pecê fez questão de deixar uma mensagem à família imperiana:

“Em nome da Casa de Oxumarê, peço que todos os orixás e os nossos ancestrais possam abençoar e fortalecer o Império Serrano em mais um ano de luta. O carnaval também é uma forma de resistência do nosso povo. Que o Império Serrano, que tem essa ligação com o afrodescendente, possa fazer um carnaval belíssimo e que os orixás estejam com todos neste momento de energia, abrindo os caminhos com amor, paz e fraternidade”.

Já a visita na Fundação Pierre Verger foi pautada nas pesquisas conduzidas pelo fotógrafo francês sobre o culto aos orixás em território africano. Os representantes do Império Serrano foram recebidos pela diretora Angela Lühning e por Vó Cici de Oxalá, assistente de pesquisa e egbomi do Ilê Axé Opô Aganjú. O primeiro vídeo da série de entrevistas é justamente com ela e já está disponível no canal do Império Serrano no YouTube. O projeto tem direção e produção de Emerson Pereira.

A verde e branco de Madureira irá fechar os desfiles da Série Ouro sendo a oitava agremiação a desfilar no sábado de folia, dia 10 de dezembro, em busca do título e o retorno ao Grupo Especial.

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