União do Parque Acari
União do Parque Acari
“Cordas de Prata –
O retrato musical do povo”
Carnaval 2025
S I N O P S E
Um dia viram um artesão colhendo raios de lua / Para fazer minhas cordas de prata / Que vibravam e esticavam, amarrando o tempo / Musicando o vento, encantando quem passava / Dedilhava sobre madeira de pinho / E por esse caminho minha vida se formava
Esse artista foi visto de maneiras diferentes / Pelo olhar de tanta gente, várias histórias se contavam / Ninguém sabe minha verdadeira origem / Pois em cada canto, por cada povo / Construíram minhas rotas / Ganhando, assim, tantos nomes e formas / Sempre guiadas pelo valor de cada cultura / Pelo som de minhas notas
Talvez o artesão fosse um Deus / Como me contaram, um dia, na Índia / Como “veena” por Shiva fui tocada / E aos poetas ensinava os acordes que do instrumento sairia / Formaram “sitares”, me levando a todos os lugares / Usando penas para vibrar suas melodias
Dizem também que meus artífices eram Árabes / Acompanhei Mouros viajantes em conquistas e cruzadas / Com sua arte fui tatuada / Por arabescos e filigranas em minha caixa / Sendo “oud” e, depois a latina “guitarra” / Tantos braços e tantas cordas ganhei / Ao longo dessa jornada
Chegaria, finalmente, na Europa onde ainda fui adornada / Em feiras medievais, cantigas eu acompanhava / Sendo o tom dos alaúdes, o som da poesia cantada / No trobar dos trovadores, no teatro de padres e pastores / Na interpretação dos atores, na serenata de tantos amores / Como “viola” encantei as cortes / Mas no “novo mundo” minha vida seria transformada
Cheguei em território tupiniquim como linguagem “erudita” / Como ferramenta jesuíta para catequizar os donos dessa terra / Nesse período de cruel dominação / Bandeirantes exploravam esse chão, me levando em mãos / Escravizando e dizimando como em guerra
Mas ao poucos, esse tão sofrido povo me assumiria / Unindo a nossa alegria como símbolo dessa nação / Orientando cordéis e romarias; festas e cantorias / De repentistas do sertão / Acompanhando do fole, da sanfona e o cancioneiro / Me tornei um grande brasileiro / O tão querido, de nome bonito: “violão”
Por aqui me vi popular / Passando a estar em todo lugar pelo apreço dessa gente / Em ponteios caipiras, nas caravanas de ciganos / Em sonetos gaúchos, em cortejos africanos / O som de maxixes e modinhas / O choro e a boemia dos malandros
Me acusaram de vadio, vagando devagar / Andando por bailes e ruas, por tantas mãos, de bar em bar / Tocando uma canção qualquer, só por cantar / Escutando a alma dos músicos, que apertam ao seu peito / O bojo perfeito “compondo” a solidão e o prazer de amar / Desta maneira, virei a marca da cultura popular / E passei a ensinar, também, o povo a sambar
Pelas mãos do sambista, lutei pela alcunha de artista / Contra preconceitos, integrando novos gêneros e conceitos / Reafirmando a vocação de um país tropicalista / Fiz uma bossa nova em sua musicalidade / E emoldurei para a eternidade tantos poetas e poetisas
Declamei às rosas de Noel e Cartola / Acompanhei o bandolim de Arlindo, o “Cavaquinho” e o “Viola” / Os prazeres de Heitor e o dedilhar de Yamandú e Toninho / Estive nos braços de Nara e Powell mundo afora / O som da madeira de “Carvalho”, “Pinheiro” e Nogueira / Com meus “Tons” estive perto de Vinicius e João Gilberto / Fui “Luz” de Caymmi, de Caetano, Rita e Gil / Estive “Alceu” “grande encontro” com “novos baianos” / Sendo o maior companheiro de um Brasil
Texto: Guilherme Estevão
Pesquisa: Guilherme Estevão
Sthefanye Paz e Caaio Araújo
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Locutor nas escolas de samba do Rio de Janeiro.
Analista de Sistemas, Jornalista (RG 39675/RJ).
Radialista, Compositor e Intérprete.
Repórter do site Carnaval Carioca.