Bateria da Tijuca é declarada Patrimônio Cultural Imaterial do Rio

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Foto: Mauro Samagaio

A bateria da Unidos da Tijuca foi declarada Patrimônio Cultural Imaterial do Rio. Iniciativa da deputada estadual Verônica Lima, o Projeto de Lei nº 3334/2024 foi publicado no Diário Oficial do município no dia 10 de abril.

A Pura Cadência, como é chamada, é comandada desde 2008 por Mestre Casagrande e chegou a ficar por 13 anos consecutivos sem despontuar qualquer décimo, retornando ao feito no último Carnaval. A bateria tijucana possui atualmente 272 ritmistas e tem como padroeira Nossa Senhora Aparecida. Eles ainda encontram-se de “férias” e retornarão aos ensaios em julho, sempre às quintas-feiras até a data do desfile.

Confira a justificativa da deputada Verônica Lima para o feito:

“A partir do Século XX, a cadeia montanhosa da Tijuca passou a ser habitada por escravos, descendentes e alforriados que deixavam para trás a falida zona cafeeira do Vale do Paraíba. Nesta época que as famílias dos fundadores da Escola – os Moraes, os Chagas, os Santos e os Vasconcelos – se instalaram no complexo de morros do Borel. A agremiação foi criada a partir da fusão de quatro blocos existentes nos morros da Casa Branca da Formiga e Ilha dos Velhacos. Em 1931, no dia 31 de dezembro, na subida da Rua São Miguel, 130, na casa 20, da família Vasconcelos, homens e mulheres se uniram para fundar a Unidos da Tijuca.

O Grêmio Recreativo Escola de Samba (G.R.E.S) Unidos da Tijuca – é a terceira Escola mais antiga do Rio de Janeiro. Sua tradição democrática remonta à origem da Escola, com seus componentes operários da Fábrica de Cigarros Souza Cruz, da Fábrica de Tecidos Maracanã, do Lanifício Alto da Boa Vista, da Fábrica de Tecidos Covilhã e de outras fábricas de menor porte localizadas nos arredores. A Unidos da Tijuca mantém uma tradição de que muito se orgulha: a de ter nos seus quadros (componentes, ritmistas, passistas, baianas e pessoal de apoio) pessoas de todas as classes sociais, culturais e econômicas do Rio de Janeiro.

Uma característica marcante da bateria da Escola, conhecida como “Pura Cadência”, além do próprio andamento mais para trás e da bela afinação de surdos, é uma batida de caixas uníssona, consistente e com ampla ressonância acústica. Ressonância acústica é um termo físico que explica a propagação de sons emitidos com a mesma frequência, o que ocasiona um drástico aumento na amplitude. Isso ocorre devido aos caixeiros tijucanos emitirem um som limpo, uniforme e ressonante, enquanto tocam praticamente no mesmo volume, de forma leve e equilibrada.

O ressoar das caixas da Tijuca serve como base sonora para os demais naipes do ritmo. A filosofia musical de tirar som da peça, sem dar pancada no instrumento auxilia demais na exibição de um alto padrão musical das caixas, bem como no restante da bateria. Esse é um dos nortes dentro da bateria tijucana, produção de ritmo com leveza, disciplina e educação musical. A preocupação é garantir que a musicalidade de cada naipe agregue valor sonoro ao conjunto da bateria.

Outra identidade musical da bateria da Tijuca diz respeito à ala de tamborins, com ritmistas mesclando os toques de dois por um (2×1) e três por um (3×1). Essa união rítmica de batidas distintas impacta positivamente o já destacado naipe de caixas de guerra, permitindo uma coesão musical. Com simplicidade e funcionalidade, as convenções rítmicas dos tamborins se pautam por aproveitar as nuances melódicas do samba-enredo da escola. Uma ala de tamborim que prefere não inventar muito, visando o impacto musical que pode agregar ao ritmo, sempre casando as batidas com o que a melodia da obra tijucana pede”.

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