Fado vira samba e parceria de Julio Alves é a bicampeã na Unidos da Tijuca

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Foto: Geissa Evaristo

Encerrando a agenda das finais de samba-enredo do Grupo Especial, a Unidos da Tijuca escolheu na madrugada deste domingo (22), o seu hino oficial para o Carnaval 2024. No concurso que começou com onze sambas inscritos, venceu a parceria de Julio Alves, Claudio Russo, Jorge Arthur, Chico Alves e D’Sousa. A obra escolhida servirá de trilha sonora para o enredo “O Conto de Fados”, que abordará a história de Portugal através das lendas e contos portugueses, que está sendo desenvolvido pelo carnavalesco Alexandre Louzada.

A disputa foi acirrada, afinal de contas, três obras com compositores consagrados da escola e do Carnaval Carioca estavam no páreo. Entre eles, Eduardo Medrado e Totonho. Todas as três parcerias já foram campeãs na escola. Medrado eternizou em 2022 com o “erê”, Julio Alves foi campeão no último Carnaval, e alcançou o bicampeonato, e Totonho assinou pela última vez em 2020, quando a escola teve pela primeira vez em sua história um samba-enredo encomendado. Cada samba foi apresentado por trinta minutos.

Antes da disputa, o Show do Pavão foi embalado pelo encontro de duas culturas: Brasileira e portuguesa. A participação do grupo folclórico Almeida Garrett engrandeceu o espetáculo com o Vira Saloio. O samba exaltação cantado ao som do fado foi o ponto alto da noite, que terminou ao amanhecer com o mini desfile ao som do samba campeão na Avenida Francisco Bicalho, onde a quadra fica situada.

Ouça o samba vencedor:

Compositores:
Julio Alves, Claudio Russo
Jorge Arthur, Silas Augusto
Chico Alves e D’Sousa
Intérprete:
Tinga

Um samba fadado
Ao mar do outro lado
A pescar histórias
Memória ancestral
Viaja na bruma da branca espuma
Pra encantar no Carnaval
Vai buscar…
No verde oceano o heróico Odisseu
Que além do Egeu não se amedrontou
Com uma rainha tão só e carente
Mulher ou serpente
Que jurou o seu amor
A beira do Tejo nascia Lisboa
A musa das loas dos seus menestreis
Na praia bravia o ouro escorria
E o guardião emergia das mares

Põe no balaio um punhado de magia
Das divindades que invadiam o lugar
Põe no balaio e amassa com carinho
Que do cacho eu faço vinho
Pra colheita festejar

N’alma do fado mil e uma noites
Doces sabores, velho saber
Amar o fado ir a Matamba
Herdar o samba, ifá, dendê
Portugal das glórias
Que revelam o passado
Ao monstro que sangrou escravizados
E veio aportar no mar
Que brilha sob o céu de Vera Cruz
Um banho de alfazema que conduz
O santo Rosário e o povo de fé
Pra cantar o fado tijucano
Macumbado de amém e axé

Gira baiana
Perfumada de alecrim
Que a Unidos da Tijuca
Defuma no benjoin
Roda na gira a saia
De linho rendado
Que o fado vira samba
E o samba vira fado

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